A natureza na Jornada Mundial da Juventude 2011

Aeroporto de Cuatro Vientos, Madri, Espanha. Mais de um milhão de jovens aguardam um dos momentos mais esperados da Jornada Mundial da Juventude: a Vigília de Adoração.

A organização do evento havia preparado tudo da melhor forma, como a ocasião exigia. Jovens tiveram a oportunidade de dirigirem-se pessoalmente ao papa e, em nome de toda juventude, questioná-lo sobre aspectos importantes da missão cristã em um mundo cada vez mais individualista.

Ao se completarem as perguntas, de acordo com o programa, a multidão iria ouvir as respostas do Sumo Pontífice. No entanto, uma outra participante apareceu de surpresa, já como que exigindo a atenção daquele público: a natureza. O sorriso esboçado pelo Papa naquela hora, pareceu revelar uma cumplicidade, pareceu dizer: “Ah, pensei que não viesse mais”.

Vento forte durante a vigília de oração com Bento XVI Um forte temporal obrigou a comissão de organização abrir espaço para que a natureza fizesse sua reivindicação. Ela parecia gritar, chorar, suplicando atenção. Ela parecia muito disposta a não desperdiçar aquela importante ocasião de unir-se ao clamor e às intenções do Papa e de toda Igreja, no sentido de conquistar uma forte aliada: a juventude.

A natureza parecia gemer em dores de parto. Era o discurso que estava faltando. Era a pergunta que esqueceram de fazer: Como nós, jovens, vamos criar nossos filhos, ver nossos netos, se hoje já agonizamos com o meio ambiente? Haverá esperança? Haverá futuro?

A 26ª edição da JMJ, definitivamente, foi marcada pelos grandes questionamentos. Já na abertura, o Papa Bento XVI convida os jovens a não se envergonharem de Deus. Aos professores universitários, lembra a missão que a Academia carrega de buscar a Verdade. Na Via-Sacra, encoraja os fiéis a unirem-se aos sofrimentos de Jesus Cristo. Aproximando-se do encerramento, a natureza mostra sua força, sem ferimentos, e nos evangeliza, lembrando nosso lugar na Criação:

Javé Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para que o cultivasse e guardasse” Gn, 2,15

Como jovens anunciadores da Palavra de Deus, temos a responsabilidade e obrigação de defender nosso presente e futuro. Precisamos ouvir o lamento do planeta e começar a corrigir os erros.

Erros que não só atingem diretamente as florestas, rios e mares, mas ainda o próprio ser humano, como parte integrante desse ecossistema. Nossa juventude, especialmente a brasileira, é fortemente marcada pela desigualdade social, pelos mecanismos de exclusão, constituindo-se em um dos grupos mais vulneráveis da sociedade, como aponta o documento nº 85 da CNBB sobre evangelização da juventude.

Crescemos numa época em que o consumo é sacralizado, os valores, sobretudo os cristãos, relativizados e família vai para o espaço.

São momentos como a JMJ que fazem cada um dos jovens verem em tantos rostos, de tantas culturas, raças e lugares diferentes, a força da União, a força da Igreja, a nossa força. Enraizados em Cristo, nosso amigo, nosso Senhor, a juventude possui as potencialidades para renovar a sociedade e a Igreja. Sem dúvida, esse foi um dos mais importantes ensinamentos transmitidos por Madri.

Fortalecidos pelo Espírito Santo, obedientes ao envio do Santo Padre, vamos à missão.
Que venha #Rio 2013!


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